A saúde e desempenho esportivo são beneficiados com uma dieta adequada e saudável, com a oferta de macronutrientes (carboidratos, proteínas e gorduras) e micronutrientes (vitaminas e minerais). As proteínas são macromoléculas formadas por moléculas menores, chamadas aminoácidos. Existem 20 aminoácidos presentes nas proteínas, sendo classificados em essenciais, não essenciais e condicionalmente essenciais.
Os aminoácidos essenciais não são produzidos pelo nosso corpo e dependem da oferta por meio da alimentação (leucina, valina, isoleucina, histidina, lisina, metionina, treonina, triptofano e fenilalanina). Os não essenciais são sintetizados por nós, endogenamente, a partir de outros aminoácidos e outros metabólitos de complexos nitrogenados (asparagina, ácido aspártico, ácido glutâmico, serina e alanina). Os condicionalmente essenciais são aminoácidos que o corpo humano consegue sintetizar em condições de equilíbrio, mas em situações de estresse a produção pode ser limitada, necessitando do consumo por meio de alimentos (arginina, cisteína, glutamina, glicina, prolina e tirosina). É possível nos depararmos com a baixa ingestão de diversos aminoácidos, pela rotina corrida do dia a dia.
A glutamina é um aminoácido condicionalmente essencial, mais abundante em nosso corpo, que é produzida em alguns órgãos (pulmões, fígado, cérebro e tecido adiposo, e principalmente, músculos esqueléticos). É no intestino que a maior parte da glutamina é metabolizada. É considerada “o combustível das células de defesa” pela taxa de consumo de glutamina pelas células do sistema imunológico. Isso significa que as células responsáveis pela nossa imunidade dependem da disponibilidade de glutamina para se nutrir, sobreviver, proliferar, funcionar e defender nosso corpo contra microrganismos nocivos à saúde, e uma baixa concentração sanguínea pode comprometer essa função das células.
Nosso corpo consome a glutamina em diversas situações, pois ela está associada ao bom funcionamento das células, com um papel importante na saúde intestinal, multiplicação celular, glicogênese e produção de energia. Apesar de produzirmos endogenamente, pode ser necessário consumir ou suplementar em certos casos como algumas enfermidades ou distúrbios, pós-cirúrgicos, lesões e exercícios de alta intensidade (situações de exaustão), pelo aumento da demanda de glutamina pelos tecidos.
Durante a atividade física, a liberação de glutamina pelos músculos esqueléticos é aumentada, diminuindo o conteúdo muscular deste nutriente após um exercício extenuante. Este fato pode suprimir a função imune, deixando a pessoa mais vulnerável a infecções. Estudos já apontaram que, em atividades físicas exaustivas e de longa duração, a síntese muscular da glutamina foi insuficiente para a demanda do corpo, o que acaba reduzindo a glutamina sanguínea. Isto é bem comum em competições, como corridas em maratonas e em situações de overtraining (excesso de treinamento ou supertreinamento), a depender da intensidade, frequência e duração do exercício.
É necessário que exista o balanço entre a glutamina produzida pelo seu corpo e a suplementada, de acordo com suas necessidades individuais, além da ação adequada de enzimas e da mucosa intestinal para degradação, absorção e utilização. Em uma alimentação pobre em glutamina é possível aumentar o consumo deste aminoácido pelo ajuste da dieta ou pela suplementação. Busque sempre a orientação de um médico e/ou nutricionista.
Referências:
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