Obesidade em idosos
Ressalta-se, paralelamente, o aumento da prevalência de obesidade observada atualmente em idosos, apresentando-se como outro desafio enfrentado no processo de envelhecimento. No Brasil, o aumento da prevalência da obesidade começou a ser observado entre as décadas de 1960 e 1990. A proporção de obesos na população com 20 anos ou mais de idade mais que dobrou no país entre 2003 e 2019, passando de 12,2% para 26,8%. Nesse período, a obesidade feminina subiu de 14,5% para 30,2%, enquanto a obesidade masculina passou de 9,6% para 22,8%. Os dados são do segundo volume da Pesquisa Nacional de Saúde 2019, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A amostragem da pesquisa envolveu 108 mil domicílios no Brasil.
Espera-se que o número de idosos com obesidade aumente à medida que a população envelhece. Segundo dados levantados pelo estudo A Epidemia de Obesidade e as DCNT – Causas, custos e sobrecarga no SUS, em 2030 a prevalência de excesso de peso pode chegar a 68%, ou seja, sete em cada 10 pessoas. Sabe-se que a obesidade é complexa, de origem multifatorial, que, associada às transformações do corpo ao longo dos anos ecomuns do envelhecimento, contribui para a ocorrência de incapacidades e outros prejuízos à saúde. Uma das possíveis consequências é a obesidade sarcopênica, que inclui as complexas interações entre os fatores causais da sarcopenia e da obesidade, ou seja, quando há redução da massa muscular e, ao mesmo tempo, excesso de gordura corporal. A obesidade sarcopênica é um subtipo de obesidade que pode reduzir a mobilidade. Essa condição clínica afeta a autonomia e segurança da pessoa, dificultando sua rotina.
Saúde dos músculos: impacto positivo da atividade
física
Ter músculos saudáveis é a chave para ter uma vida ativa e conseguir passar pelo processo de qualquer recuperação. Eles são imprescindíveis para realizar todas as nossas atividades e desempenham um papel importante em nossa saúde, bem-estar e qualidade de vida em geral. Do ponto de vista funcional, o papel das proteínas é fundamental, não existindo processo biológico que não dependa da presença ou da atividade deste tipo de biomolécula. E não seria diferente quando o assunto é a nossa saúde muscular. Se nosso corpo não tiver proteínas e nutrientes suficientes, ele começará a retirá-los dos músculos para ganhar a energia necessária, gerando uma possível perda de massa muscular.
O envelhecimento é inevitável, mas perder massa muscular não! À medida que o tempo passa em nosso corpo, as mudanças na massa muscular podem afetar nossa saúde cotidiana. As pessoas com mais de 40 anos podem perder até 8% da massa muscular por década e a taxa de declínio pode duplicar após os 70. Ainda que as pessoas estejam vivendo mais, é importante manter a saúde e conquistar cada vez mais qualidade de vida. Uma boa nutrição e rotina de atividade física, aliados ao acompanhamento clínico e, se necessário, uso de suplementação adequada, podem ajudar a fortalecer e melhorar a saúde muscular.
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